O requerimento faz referência explícita à lei federal 12.305, de 2010, que determinou a eliminação dos lixões a céu aberto até 2014 e estabeleceu a obrigatoriedade da implantação de sistema integrado de gestão de resíduos sólidos em escala municipal.
O senador peemedebista manifestou grande preocupação com o fato de que, a menos de um ano do prazo final para a eliminação dos lixões do país, a grande maioria dos municípios não apresentou ainda seus planos de gestão de resíduos sólidos ao Ministério de Meio Ambiente. “Isso significa que, no momento, essas cidades brasileiras não podem pleitear recursos federais destinados ao setor, como os do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê implantação de aterros sanitários e sistemas de coleta seletiva”, acrescentou.
Jader ressaltou, a propósito, que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos não propõe apenas a eliminação dos lixões do país, mas também a implantação de coletivas seletivas eficazes, mecanismos de inclusão de catadores e programas de logística reversa para grandes geradores de lixo. Motivo particular de preocupação, conforme frisou, é o descarte indevido que se faz muitas vezes de produtos potencialmente tóxicos ou até radioativos, como alguns eletrodomésticos e baterias de aparelhos eletrônicos.
RISCOS
No requerimento de informações, dirigido à ministra Izabella Teixeira, o senador Jader Barbalho chamou a atenção para o alerta lançado recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a quantidade de lixo produzida pelas cidades em todo o mundo.
De acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente, o Pnuma, os governos devem tomar medidas urgentes para evitar o que chamou de “ameaça de uma crise global de resíduos”, um problema que traria consequências não só para o meio ambiente, mas também para a saúde humana.
Segundo o comunicado do Pnuma, lembrou o senador, todos os anos as cidades geram 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos, quantidade que, segundo as estatísticas da ONU, alcançará até 2025 a casa de 2,2 bilhões de toneladas. A situação é mais grave, conforme destacou o relatório, nos países de baixa renda, onde, muitas vezes, a quantidade da coleta do lixo não alcança sequer a metade de todo o volume produzido.
A questão do lixo nos centros urbanos foi tema central de discussão na Conferência Bienal do Pnuma e da Parceria Global sobre Gestão de Resíduos, realizada na cidade japonesa de Osaka.
O relatório produzido pelo Pnuma, contendo a síntese do encontro, adverte ainda contra a falta de cuidado na gestão de lixo tóxico e alerta para a formação de depósitos de lixo às margens de rios e para a queima de resíduos a céu aberto. Outro motivo de grande preocupação, segundo destacou a agência da ONU, é a atração exercida pelos lixões sobre insetos e roedores que representam grave ameaça à saúde humana.
Atenção com os 2.500 catadores do Aurá
As prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba serão obrigadas a apresentar, num prazo máximo que se encerrará no final de março do ano que vem, o Plano Intermunicipal ou Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, conforme está previsto em dispositivos da lei 12.305. Essa obrigatoriedade ficou estabelecida em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinada pelas três prefeituras com o Ministério Público do Estado (MP) no dia 3 deste mês.
Foi com base no acordo firmado conjuntamente com o MP, aliás, que a Prefeitura Municipal de Belém teve que anular o contrato de concessão istrativa firmado no ano ado pela gestão de Duciomar Costa, através da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), com a empresa Central de Tratamento de Resíduos – CTR Guajará. Para fundamentar a decisão, o MP apontou vícios apresentados no procedimento licitatório realizado na época pela PMB e a ausência de licenciamento ambiental.
PREOCUPAÇÕES
Ontem, ao justificar, em Brasília, o requerimento de informações dirigido ao Ministério do Meio Ambiente, Jader Barbalho endossou as preocupações do MP. Jader, que considerou “gravíssima” a situação do Lixão do Aurá, tanto pelas suas implicações sociais quanto pelo que representa como ameaça ao meio ambiente, pediu especial atenção nos cuidados que se fazem necessários para com os cerca de 2.500 catadores que sobrevivem do trabalho naquela área.
A situação do Aurá seria hoje insustentável, ainda que não existissem novas imposições de ordem legal. Afinal, após 22 anos de funcionamento, o Aurá não conta ainda com licença ambiental.
Nas considerações que teceu a título de justificativa para lavrar o Termo de Ajustamento de Conduta com as prefeituras, o Ministério Público assinalou que a área do Aurá apresenta características geotécnicas, hidrológicas e ambientais inadequadas para depósito de resíduos sólidos domésticos. Entre outras razões, o documento aponta o nível d’água próximo à superfície, presença de solo mole, cabeceira de drenagem contígua a cemitério e, ainda, a presença de área de várzea.
(Diário do Pará)